sábado, 2 de março de 2013

A JUVENTUDE E OS VALORES…

Naughty boy sticking out his tongue with girl in background

A educação inicia-se e termina em casa. No meu tempo foi assim, mas agora não. Os principais educadores e transmissores de valores são os pais e a família. Devem ser estes e não os professores e os auxiliares de ação educativa a fazê-lo por eles. Só que, já há muito tempo que isto não se passa assim.

Lamentavelmente, os pais foram-se divorciando da ação de educar e entregaram a sua obrigação a outros. Como a maior parte do tempo dos alunos é passado na escola, então assume-se que esta tenha de arranjar meios para tomar conta deles, educá-los e ensiná-los. A escola faz tudo isto, mas, para os pais, isso não chega. Estes, ainda, fiscalizam, reclamam e exigem dos agentes educativos.

A escola esforça-se imenso para transmitir valores aos “seus” jovens, mas os pais e encarregados de educação, ou por que não querem ou por que não sabem, fazem muito pouco por isso. A verdade, a honestidade, a lealdade, a tolerância e a solidariedade praticamente estão esquecidas ou são ignoradas diariamente, ou seja, não existem. Os valores só existem verdadeiramente em cada um se estiverem sempre presentes.

Agora, os pais compram, consciente ou inconscientemente, o silêncio e o sossego aos filhos. Compensam os seus insucessos académicos ou a sua falta de educação com favores ou prendas. Quando eles cometem erros ou infrações, optam por ignorar ou desculpabilizar os seus atos, em vez de os repreender ou sancionar. Ignoram o mérito, a aldrabice e a preguiça. Não se preocupam em travar o facilitismo e a malandrice.

Atualmente, os jovens desconhecem o valor da amizade, da entreajuda, da partilha de tarefas e do esforço. No entanto, sabem, na perfeição, chantagear e vergar pela insistência e pelo cansaço os pais, para conseguirem o que querem. Estes “matam-se” a trabalhar pelos filhos tentando dar-lhes todo o conforto, ou seja, proporcionar-lhes tudo o que não tiveram e esquecem-se do mais importante - educar.

Os jovens são, cada dia que passa, mais contestatários e incumpridores das regras que se estabelecem. Pensam que só têm direitos e nenhum dever. São respondões, refilões e brigões relativamente a tudo o que possa afetar a vida fácil que desejam para si. Quando contrariados, reagem com indignação e/ou arrogância, não se preocupando em saber ou compreender as razões dos outros.

Manifestam hipersensibilidade e melindre. São muito, mas muito egocêntricos. A responsabilidade desta conduta é de quem lhes alimentou, em demasia, esta atitude e encorajou estes comportamentos. Com certeza que não foi a escola.

A juventude de agora é muito pouco autónoma, responsável ou empenhada naquilo que faz. É facilitista, superficial e indiferente. Não tem qualquer problema em gozar, ridicularizar ou, inclusive, ser cruel para com os seus pares. Revelam, regra geral, um grau de imaturidade muito grande e desproporcionado relativamente ao seu nível etário.

Acha que o mundo gira à sua volta, que tudo lhe deve ser dado sem sacrifício ou suor e, portanto, a vida não tem de ser dura mas antes uma brincadeira e um gozo constante. Expressam incapacidade em aceitar, sem reagir ou demonstrar desagrado, um não como resposta.

Se é verdade que nenhum filho aos olhos dos pais tem defeitos, comete erros ou é mal-educado, também é verdade que há pais que tudo fizeram para educar bem os seus filhos e que não merecem aquilo em que eles se tornaram. As regras de educação e os valores, pura e simplesmente, não ficaram. Volatilizaram-se ou foram substituídos por valores errados.

Enquanto pais e encarregados de educação não perceberem que não é com dinheiro, bens ou objetos que educam os filhos, a escola continuará a “remar para educar” sozinha. O sucesso dos jovens seria muito melhor se “todos” desempenhassem a sua função e provavelmente a escola seria um espaço bem mais feliz para todos.

Pais-mal-educados

Imagens: (daqui) e (daqui)