domingo, 30 de janeiro de 2011

MALDITOS RANKINGS…

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Malditos sejam os rankings das escolas relativos aos resultados dos exames nacionais. Malditos, porque comparam realidades muito díspares. É justo colocar lado a lado escolas do litoral com escolas do interior do país? Ou escolas das grandes cidades com escolas distantes dos centros populacionais?

Rankings que, do ponto de vista estatístico, comparam resultados de escolas que “levam” a exame um número de alunos completamente diferente? Não é distinto ter a exame três dezenas de alunos a uma determinada disciplina ou ter uma centena e meia? Posso comparar, com justiça e rigor, estas duas situações?

E a mistura, no mesmo saco, de escolas públicas e privadas? Sejamos sérios. As escolas privadas e algumas públicas seleccionam os seus alunos. Quer pelos seus currículos académicos, quer pelos seus recursos económicos. Não aceitam todos. Não são verdadeiras escolas inclusivas e abertas a todos, pois manter um elevado padrão de resultados obriga a sacrificar muitos alunos.

Também controlam o seu rendimento, de maneira a que ele seja mantido a níveis elevados. Caso contrário, o aluno é convidado gentilmente a procurar ajuda fora da escola, vulgo explicações, ou a mudar de instituição escolar. Nos antípodas destas, encontram-se a maioria das escolas públicas que inscrevem todos os alunos que podem, que arranjam. Chegam até a fazer “campanhas” de angariação de alunos. Ou para que servem na sua essência os “dias abertos”?

Outra realidade, que conheço bem, assenta no facto de existirem escolas que são “receptoras” de alunos provenientes de outras. Este tipo de instituições não possui turmas e alunos em número suficiente no 3º ciclo para “alimentar” as suas turmas do secundário. Então, depende da massa estudantil de escolas do 2º e 3º ciclo da sua área de implantação.

Assim, não será injusto comparar, em contexto de ranking, escolas que trabalham os seus alunos durante muitos anos seguidos com outras que, para exame nacional, os prepararam apenas em dois ou três anos, conforme as disciplinas? Não produzirão estas duas realidades resultados diferentes no “famosíssimo” ranking?

Vamos ser dolorosamente honestos. È igual a atitude de rigor e exigência de escolas que leccionam até ao 3º ciclo e que depois “fornecem” os seus alunos àquelas que os recebem no ensino secundário e as escolas que incluem o 3º ciclo e secundário? Não pensarão estas escolas de forma desigual? Não deviam, mas a realidade, muitas vezes escondida e calada, diz que sim.

Malditos sejam os rankings que este hediondo ministério da educação resolveu implementar desta forma cega. Que vantagens trouxe isto à qualidade do ensino? Que repercussões negativas introduziu nas práticas docentes? Que consequências teve no prazer de ser professor?

O professor transformou-se num burocrata. Desempenha agora mais funções administrativas do que educativas ou pedagógicas. Os professores estão afogados em papelada, ocupam-lhes o tempo todo do dia, reduziram-lhes a vida privada à insignificância. O professor já não tem tempo para pensar e preparar as suas aulas. E vêm-me falar de rankings?

Não consigo ver virtudes nestes rankings, apenas pressão, pressão e mais pressão nas pessoas. Como se fossemos todos uma cambada de malandros e vampiros famintos por dinheiro que desprezam uma profissão que escolhemos por gosto e/ou por vocação.

O paradigma da educação em Portugal tem de mudar e já. Aposte-se mais nas pessoas e menos nos edifícios, mais nos recursos materiais e menos no marketing e publicidade, mais na formação de qualidade e menos em processos avaliativos duvidosos e injustos, mais na simplificação de processos e menos na burocracia.

Não desvalorizem a carreira docente, não matem o ensino em Portugal porque matam o progresso. E tenham todos a perfeita consciência que, em tudo aquilo que são e fazem esteve a mão de professores.

Escola

Imagens (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

HOMENAGEM EM VIDA…

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Nunca entendi este povo português que teima em homenagear o indivíduo só depois da sua morte. Será que para nós é culturalmente doloroso reconhecer o mérito do outro quando ele ainda se encontra entre nós?

Não é claramente mais valioso para aqueles que têm uma vida pela frente recordar a demonstração pessoal e pública à pessoa que se gosta ou que se destacou pelos seus serviços prestados aos outros e à comunidade?

Na realidade pouco vale aquele que se finou a homenagem póstuma, pois ela é efémera para os que cá ficam e inútil para quem já se foi. O reconhecimento do esforço, da dedicação e do profissionalismo, no final de uma vida, não se dimensiona, sente-se.

Por tudo isto vos digo. Esta é minha homenagem a alguém que me marcou, me marca e me marcará sempre. Foi, não, ainda é, apesar de reformado, um professor dedicado, competente, honesto e que trabalhou muito e durante muitos anos para a “sua” escola.

È um professor, porque nunca se deixa de o ser, que deixou marcas nos seus alunos. Guiou-os, orientou-os, motivou-os, educou-os, ensinou-os e empurrou-os para a vida. Enfim, marcou-os. E eles reconhecem nele o professor. O seu professor, o seu amigo.

Também eu sigo o mesmo objectivo, deixar marcas nos meus alunos. Intervir positivamente nas suas personalidades e formação. Pois, não há nada pior do que passar por esta vida sem deixar obra.

Esta pessoa de que vos falo é o meu pai. Não, não se preocupem que ainda pode ser encontrado entre nós, embora de saúde debilitada. E não quero que se inquietem pois a homenagem faço-a eu. Fica aqui registada.

Obrigado pai…

Imagens pessoais