sexta-feira, 17 de junho de 2011

COMO FOI POSSÍVEL!…

Eleições

Como foi possível 28,1% dos portugueses terem votado no partido socialista, nas eleições legislativas do passado dia 5 de Junho? Será que estas pessoas não viveram em Portugal nos últimos seis anos? Sim, seis anos. Foi de 2005 a 2011. Esqueceram-se ou fizeram-se esquecidas?

Esquecimento não foi, mas sim fanatismo político. Eu disse e afirmo, foi puro fanatismo político. Não foi por questões ideológicas, pois a ideologia socialista há muito que não existe. Foi, também, cegueira colectiva relativamente ao líder. A centralização do partido na figura do seu líder levou ao deslumbramento e à sua idolatração, daí se explica muito daquele resultado obtido.

O partido descaracterizou-se ideologicamente quando se “encostou” ao centro. A sua matriz social, que tanto tentaram “vender” nas campanhas, está reduzida a quase nada. Foi esta liderança socialista que degradou profundamente o estado social, corroendo e danificando um dos seus principais pilares ideológicos. Não estão recordados dos cortes salariais, do aumento das prestações sociais, do aumento das taxas moderadores, do aumento sem critério do IVA, do corte no abono de família e da redução nas deduções à colecta. Só para citar alguns.

O papel do estado na economia é e continua a ser outro dos paradigmas socialistas. Não conseguem definir se deve ser o estado a assumir o investimento ou se caminham para um plano mais liberal, social-democrata, de passar para a sociedade parte da responsabilidade da produção de riqueza. É aqui que reside a maior confusão socialista com a contínua defesa e manutenção das obras públicas, em particular o famoso TGV. Construo ou não, eis a desorganização!

Outra confusão ideológica socialista assenta na ideia que deve ser o estado a deter o maior número de empresas com maioria de capital público, ou seja, ser o estado a ditar as regras, controlando o mercado, promovendo e mantendo os monopólios. Esta é claramente uma perspectiva de esquerda. Por outro, vai esboçando tímidas tentativas mais liberais de privatizar empresas de capital público com boa situação financeira. Continuam à deriva.

Como se compreende, não acredito que os votantes socialistas destas últimas eleições o tenham feito por convicção ideológica, mas se pensaram que os antigos valores ou figuras do seu partido ainda lá estão, então cometeram outro equívoco. Votaram por saudosismo.

Direi ainda que, a elevação suprema do seu líder secou e reduziu as figuras partidárias secundárias de apoio ao mínimo, criando enormes problemas de reestruturação e de surgimento de novas personalidades político-partidárias credíveis. O partido socialista está seco em matéria de liderança e vazio ideologicamente. A travessia do deserto vai ser longa e trará custos incalculáveis.

Como foi possível tantos portugueses se enganarem? Será que se equivocaram mesmo? Porque foram tão conservadores no seu voto? Confesso que não percebo. Tinha a convicção que o povo era sábio mas afinal enganei-me redondamente.

Manuel_Alegre_rosa

Imagens (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ONDE PARAM OS AFETOS?…

Amizade

As pessoas passam umas pelas outras e já nem sequer se olham, muito menos se cumprimentam. Trocar um sorriso com o outro passou a ser um comportamento raro ou, muitas vezes, encarado como insinuoso. Mas, então onde param as palavras amáveis e os afectos?

Será que a vida das pessoas lhes secou a ternura, a doçura e o sentimento fraterno pelos outros? Se observarmos bem, chegaremos à conclusão que sim. Os apertos de mão são circunstanciais, os toques superficiais e os poucos mimos ligeiros.

Cumprimentar alguém desconhecido de forma neutra, sem julgamentos ou preconceitos, é um acto de educação e cordialidade. A saudação politicamente correcta encerra, quase sempre, falsidade e deslealdade. Agravando-se este comportamento quando se junta um sorriso fingido.

O beijo com os lábios na cara do outro desapareceu. Foi substituído pelo beijo queque, dado com a face. O beijo, esse sai disparado para o vazio. O sentimento perde-se nas costas do outro. Nunca se chega a manifestar como acto de consideração, muito menos de carinho.

O pior de tudo são os olhares desconfiados e/ou invejosos daqueles que assistem a actos públicos de casais que se amam. Estão nesta categoria o andar de mão dada e os beijos ternos. Por se terem tornado raros, são agora motivo de comentários, desconfianças ou maledicências de solitários e/ou mal-amados.

O abraço sincero entre amigos propicia sentimentos que nunca mais se esquecerão. Os braços abertos expondo o peito e o coração ao outro, o contacto entre o peito de ambos e as palmadas fraternas nas costas são actos sublimes. Quantos se podem gabar de ter um amigo verdadeiro a quem dão abraços destes com frequência?

As pessoas têm medo de manifestar afecto genuíno, escondendo o que sentem. Elas não se tocam, não se expõem e, muito menos, revelam afectividade. Elas deixaram de viver as suas vidas para viver a dos outros. Como eu lamento estas mudanças nas pessoas.

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Imagem (daqui) e (daqui)