sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AS FÉRIAS E AS CONTRADIÇÕES…

ferias

Contradição do descanso: após onze meses de trabalho ansiamos pelo descanso das férias, mas quando elas surgem não é repouso que usufruímos. Ocupamos o tempo a cuidar da casa, dos outros ou de assuntos pessoais e, no final das férias, apercebemo-nos que estamos mais cansados do que quando as começámos.

Contradição da poupança: durante o tempo ocupado com trabalho vamos reunindo mensalmente algumas economias que usamos nos custos de umas merecidas férias. Quando chega a altura todo aquele dinheiro é gasto bem ou mal, de forma proveitosa ou não. No essencial, trabalhamos a esmagadora maioria do nosso tempo de vida para depois o gastarmos num curto espaço de tempo.

Contradição do prazer: poucos podem afirmar que o trabalho lhes proporciona prazer. A maioria tem que o efectuar pelo dinheiro e de uma forma mecânica onde o prazer está praticamente ausente. Durante as férias não, tudo é feito com o máximo gozo. Será? Quantos destinam esse período para fazer obras em casa, cuidar dos jardins ou das hortas, arrumar arrecadações ou garagens? E aqueles que durante as ditas férias trabalham por necessidade? Nestes casos, onde está o prazer?

Contradição da felicidade: o trabalho dá felicidade, mas poucos são aqueles que o podem confirmar. É, mais fácil para nós, entender que essa alegria está relacionada com o dinheiro ganho do que com a alegria resultante daquilo que fazem. Mas, todos admitimos que somos mais felizes em férias. Então, por coerência, devemos aceitar que passamos quase toda a nossa vida infelizes para podermos usufruir de relativa felicidade em férias.

Contradição do imprevisto: regra geral, as pessoas não apreciam imprevistos, nem no trabalho nem nas férias. Estes alteram as rotinas, criam dificuldades e retardam a execução das tarefas. O pior de tudo é ter as férias planeadas há muito tempo, perfeitamente definidas e, por um qualquer imprevisto, não se vão poder gozar. A morte de um familiar, um acidente, uma avaria em casa ou no automóvel, por exemplo.

Contradição do tempo: muitos meses de trabalho e um mês de justas férias. Acertar períodos de descanso entre duas pessoas nem sempre é fácil. Quantas vezes marido e mulher não as tiram ao mesmo tempo pelas mais variadas razões? Nos casos de impossibilidade de gozo delas por inteiro, a sua repartição pode criar sérias dificuldades de coordenação e sobreposição com as dos amigos, dos parentes, dos companheiros ou dos filhos. A tarefa de fruir de férias sozinho não implica inconvenientes. Mas quantos são os que o podem fazer?

Contradição do clima: a estação de ócio encontra-se centrada nos meses de Julho e Agosto, mas preferencialmente neste último. O clima, por acção do próprio homem, está em constante mudança e as estações do ano algo alteradas. Imagine-se trabalhar durante todo ano e nas férias o clima pregar-nos “partidas”. O Sol que devia brilhar, esconde-se atrás das nuvens. As temperaturas máximas estão baixas e as mínimas gélidas. E os dias de férias chuvosos?

Na realidade há demasiadas contradições nas nossas férias, mas ainda não percebi por que razão sinto que quando as minhas acabam já estou a pensar nas próximas.

Férias_de_pobre

Imagens (daqui) e (daqui)

Um comentário:

  1. ...as férias são uma grande chatice e o tempo de trabalho são várias grandes chatices...
    joao de miranda m.

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