Estou revoltado com tudo aquilo que tenho ouvido relativamente ao comportamento que diferentes padres têm adotado sobre várias matérias delicadas.
As posições que abertamente assumem deveriam ser muito mais consentâneas com o papel que desempenham no seio da igreja e menos pessoalizadas ou carregadas de personalidades mal formadas, que ninguém ousa questionar.
Pela minha vida, tenho-me cruzado com mais exemplos de maus padres do que com padres genuinamente bons. Talvez tenha sido eu o responsável por trilhar caminhos que os intersetam, por isso resolvi agora afastar-me e recolher-me. Percebi que não necessito deles para estar em paz e comungar o amor que nutro em mim.
As temáticas que vos quero falar incidem sobre o batismo, a comunhão e o matrimónio, onde a posição assumida por sacerdotes de diferentes paróquias é tão díspar que aflige e tão retrógrada que ofende o mais comum dos fiéis, desde que munido de alguma humanidade e solidariedade.
Sabiam que existem padres que não batizam crianças só por que os pais vivem em união de facto? A justificação de que as leis da igreja não o permitem penaliza muito mais a criança do que os pais. Uma perfeita imbecilidade, pois esquece-se os superiores direitos à proteção e defesa do recém-nascido.
E o que me dizem da atitude de um sacerdote que se recusou a batizar uma criança na situação que vos descrevi, mas que de forma imaculada referiu que se ela estive doente ou de saúde muito debilitada, leia-se próxima da morte, nessas circunstâncias já não se negaria a batizá-la. Mais uma enorme imbecilidade. Estou a ver a sensação de “conforto” sentido por estes pais depois de terem ouvido isto. Realmente o batismo em leito de morte de uma criança inocente deve ser um ato muito dignificante para aquele que o recusou em estado de perfeita saúde.
Digam-me o que pensam de padres que negam a pessoas sem crisma, em união de facto, casadas por civil ou divorciadas que entretanto casaram, o privilégio e a alegria de serem padrinhos de batismo? Não será isto ridículo, e muito mais ridículo ainda, quando justificado por leis católicas? No entanto, assistem-se a posições sacerdotais que divergem de paróquia para paróquia. Outra imbecilidade.
Por que razão posso eu ser aceite como padrinho de batismo se reunir “todas as condições” sendo divorciado, mas já não o ser depois de ter casado uma segunda vez? Como é que a minha situação de casado por civil pode ser impeditiva de cumprir tão nobre ato e sobrepor-se a todas as minhas boas práticas e condutas que porventura desenvolva? Uma imbecilidade desmesurada.
Sou o exemplo vivo de uma “criança” que há muitos anos fez a primeira comunhão duas vezes. Sim, duas vezes. A razão é simples, vivi durante um período de tempo numa paróquia onde fiz a minha primeira comunhão e quando mudei de residência para uma nova paróquia o padre obrigou-me a fazer outra vez a primeira comunhão. Por isso, tenho duas. Profunda imbecilidade. Tenho a sensação desta ter sido a minha primeira experiência “traumática” resultante de comportamentos sacerdotais.
Nunca entendi nem entenderei jamais que se prive um indivíduo (homem ou mulher) solteiro de celebrar o matrimónio pela igreja, só porque o seu parceiro(a) é divorciado(a). Não respeitar a fé do homem por causa da sua condição é um ato de desumanidade e de desrespeito. Se duas pessoas se amam e desejam celebrar o seu sentimento perante Deus não se lhes deve facultar esse desejo na fé? Mais outra grandessíssima imbecilidade.
Perante tudo isto, não se torna fácil entender quais as razões por que cada vez mais pessoas se afastam da igreja e das suas práticas? De facto, elas não estão a perder a fé em Deus, mas a perder o respeito e a veneração pelos padres.
Quando um homem não respeita os mais elementares valores da pessoa e da sociedade pouco lhe vale servir a igreja. Rapidamente, ele irá manchar com as suas condutas a instituição que tanto procura preservar e transformar-se num imbecil.