quinta-feira, 30 de setembro de 2010

COMO ERA E COMO É…

Futuro, passado, presente[1].

Lembro-me perfeitamente que, quando comecei a estudar nos finais dos anos 60, tinha um livro, um caderno e uma caneta. Não havia pastas ou mochilas para todos. Quase nenhum dos meus colegas as tinha. O material era levado para a escola na mão e os mais felizardos usavam uma capa com um elástico amarelo.

É verdade que o ensino era muito repressivo. Os cachaços, os puxões de orelhas, as canadas e as reguadas eram frequentes, mas a verdade é que aprendíamos. Não se aplicava a benevolência a quem não cumpria, mas, apesar de tudo, não conheço ninguém traumatizado por isso. Ficaram sim, pessoas bem formadas e com bons valores.

Houve alguns exageros, aceito que sim. Frustrados ou desajustados socialmente, muito poucos. Fizeram-se homens e mulheres de fibra, de luta e de trabalho. Formou-se uma geração efectivamente capaz de encarar a vida de frente e sem receios, embora os tempos fossem difíceis.

Agora são uns “meninos” do papá e da mamã, preguiçosos e mal-educados. Não têm normas de conduta, nem se sabem comportar quer na escola quer em sociedade. São uns frustrados por natureza e precisam constantemente de apoio e tratamento psicológico e pedopsiquiátrico. A metodologia e os conteúdos programáticos são facilitistas, mas eles queixam-se das dificuldades. Têm tudo, mas não querem nada.

Durante a primeira metade da década dos anos 80, frequentei a faculdade em Coimbra. Foi um tempo de ouro, embora trabalhoso e difícil. Recordo que existia apenas um computador que funcionava a cartões perfurados. Tínhamos que nos inscrever para digitar texto e isso requeria muito tempo. A esmagadora maioria das vezes desistíamos.

Não existiam fotocopiadoras (surgiram em 1983) e usávamos fichas de registos. Passávamos muito tempo na biblioteca. Pesquisar, consultar, resumir e estudar eram as nossas tarefas diárias. Assistir às aulas era uma necessidade, pois os apontamentos dos anos anteriores eram raros e difíceis de arranjar.

Para nos divertirmos usávamos a imaginação, porque o dinheiro escasseava e estava certinho para o alojamento, as refeições e o transporte. Possuíamos claramente a noção do bom senso, do civismo e do respeito. Mesmo assim, conseguíamos ser felizes.

Agora, para além da enormidade de cursos existentes, os alunos têm tudo e não querem fazer nada. Bons edifícios, boas salas, bons laboratórios e bons materiais. Computadores e portáteis pessoais, internet e telemóveis. Tudo há distância de um clique e sem esforço. Também não se sabem divertir, só querem farra, copos e “inconsciência”. Não sei se são felizes, apenas vivem.

Então por que razão têm eles tanto insucesso? Eu sei, mas pensem vocês nisso, pois eu não vos vou dizer…

Imagem (daqui)

6 comentários:

  1. Não tenho culpa que sejas «COTA» e que não tenhas tido um Magalhães quando estudavas. Agora a malta se quiser tem «25 computadores» e «25 horas» diárias para a farra e copos!!! E mais «25 maneiras diferentes» de ser-mos inconscientes!!!

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  2. Pois é Toni!E com a agravante que agora "esgalhamos" sempre que queremos!
    "Vai buscar, Meu"!!

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  3. Das "25 horas" diárias aproveita uma e aprende português... "sermos" não tem hífen e aprende o que são aspas... ahhh... e os pontos de exclamação só se usam uma vez. Possivelmente com tanta farra e copos já tens os poucos neurónios completamente fritos.

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  4. Bom texto! Fala a verdade absoluta, sem reticências ou constrangimentos de conveniência política ou social. Obrigado pela clareza. Quanto aos comentários dos dois primeiros anónimos, temos conversado. Não percamos mais tempo, talvez já não valha a pena...
    Contudo, manda a boa educação que lhes enderece cordialíssimos cumprimentos.

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  5. Anabela Soares Silva8 de outubro de 2010 às 11:25

    Os jovens de hoje precisam é de passar por algumas dificuldades e privações (e não estou a falar de falta de saldo no telemóvel) para valorizarem o muito que têm. Eu tive o meu primeiro pc e telemóvel quando entrei para a universidade e sempre fui muito feliz antes de os ter. O problema é que quando temos acesso a tudo de forma fácil, nada tem valor e significado real e emocional.

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  6. ó anônimo... sermos...e não ser-mos..25 horas de farra..dá em não saber escrever correcto.

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