Estar sozinho não é o mesmo que estar só. Apesar de não sentir solidão, aprecio os momentos em que estou apenas eu e as coisas. É nessas alturas que damos valor à amizade, ao companheirismo e ao amor. Apreciamos melhor tudo porque, no fundo, sabemos que temos alguém.
Sentir solidão é sentir tristeza. Uma enorme tristeza interior. É querer ter alguém para trocar umas palavras, uns carinhos e não ter. A solidão traz o isolamento, o isolamento a indiferença, a indiferença a ausência e a ausência a depressão.
Embora a idade possa trazer solidão, acho que ela corresponde a um estado de espírito. Por isso, pode atingir o indivíduo em qualquer altura da sua vida. Quando olhamos, e é necessário ter essa capacidade, nos olhos de alguém só, conseguimos ver que a sua alma chora, o seu olhar é cinzento e a sua aura opaca.
Se não se tem ninguém ou se a companhia de outro não nos preenche, então a solidão mata-nos aos poucos. Ela vai-nos corroendo por dentro, destruindo-nos devagarinho. Vamos ficando vazios, sem conteúdo. Vão-se perdendo as memórias. Vai-se morrendo por dentro todos os dias.
Nas pessoas que sofrem de solidão, o tempo parou e a vida vai acabando. Já não há muito a fazer por ela. É esperar que ela acabe ou que alguém nos leve para um lugar onde possamos não estar sós.
Sinceramente, não desejo a ninguém que morra abandonado na sua própria casa e muito menos que seja encontrado meses ou anos depois, pois se isso lhe acontecer é sinal que o seu fim foi profundamente triste. Não há nada pior do que morrer só.
Portanto cuidado, muito cuidado, pois o egoísmo, a avareza, a inveja, a intriga e a maledicência trazem solidão. Em conclusão, matam-nos sem sentirmos.
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