domingo, 16 de maio de 2010

“Uma profe na playboy?!…”

professora Na sexta-feira, via calmamente o jornal da noite, quando o “meu amigo” Rodrigo Guedes de Carvalho deixa cair uma “bomba” sobre mim e todos os telespectadores.

Uma professora de Mirandela tinha pousado para a playboy. O quê?! Instantaneamente, a minha mente disparou em perguntas. Na playboy portuguesa? Só podia ser. De que mês? Será na de Maio? Tinha de ir confirmar, comparando as imagens exibidas com as publicadas na revista.

No escritório, liguei o portátil e acedi há internet. Após umas pesquisas, encontrei o ensaio fotográfico. Confesso que fiquei admirado. Não é que estivesse à espera de uma mulher tipicamente portuguesa de baixa estatura, com bigode e pernas peludas, pois este tipo encontra-se em vias de extinção e nunca ousaria sequer pousar assim.

As fotos revelavam uma mulher bonita, sensual e escultural, mostrando um corpo de fazer inveja a muitas. Admirei, também, a coragem que teve em aceitar este trabalho e suponho que estivesse consciente da problemática que iria causar na sua comunidade, sendo ela uma professora.

As opiniões, junto da comunidade mirandelense, dividiram-se. Agradou aos homens, que aceitaram bem não vendo problema relativamente ao exemplo que ela poderia dar como docente. Relativamente às mulheres, o caso foi diferente. Umas condenaram reclamando do que os meninos diriam e do seu “mau” exemplo perante eles. Tenho que admitir que pressenti nestas uma pontinha de inveja nas suas palavras. Outras aceitaram bem. Eu, particularmente, gostei de sentir os sinais de tolerância e de modernidade que também nos chegam do Portugal mais esquecido.

A nódoa nesta história toda veio das palavras e da atitude da vereadora da educação da câmara municipal de Mirandela. Por azar, também ela uma professora, daquelas mais conservadoras. Condenou o acto claro, falou do exemplo para os alunos e, pasme-se, decidiu suspender das suas funções a professora e colocá-la como arquivista dentro das instalações camarárias. Moral da história: longe dos meninos, longe a tentação e o mau exemplo.

Confesso que ainda não consegui vislumbrar onde está o problema, a celeuma ou sequer se tudo isto é de facto notícia. Mas é o país que temos e o jornalismo que temos. Curioso é problematizar se nós professores continuamos a ser ou não exemplos (bons ou maus) para os nossos alunos e se eles nos vêem como tal. Fica aqui a promessa que vos falarei sobre isto noutra altura.

Para finalizar apetece-se dizer que, se a moda de pousar para revistas “masculinas” pega, duas coisas podem acontecer, ou a cultura portuguesa fica mais rica visual e intelectualmente, ou o professorado feminino encontrou uma outra maneira de se “aposentar” recorrendo à profissão de modelo. Não sei se fique triste ou se me alegre.

Mas uma coisa sei. Isabel Alçada, se eu fosse a ti estaria com muito medo, muito medo mesmo. Isto poderá ser a debandada geral.

Imagem (daqui)

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