sábado, 24 de dezembro de 2011

DEIXAR MARCAS…

passos

O meu objetivo de vida sempre foi agir no sentido de deixar boas marcas nas pessoas. Quem verdadeiramente me conhece sabe que eu fui, sou e serei assim. Não é só uma questão de educação, é, também, de aprendizagem e evolução com a vida.

Pode-se marcar alguém com um gesto, um carinho, um olhar, uma palavra ou uma ação. O que interessa é fazê-lo e não desperdiçar a oportunidade. Devemos possuir a manifesta vontade e autenticidade para o realizar. É uma sensação fantástica sentir que contribuímos positivamente para a vida de alguém.

Não consigo passar indiferente pela vida, pois, se assim fosse, ela não faria sentido. O pior que nos pode acontecer é passar por ela, ou pior ainda, deixar que a vida passe por nós. A vida de cada um não deve ser entendida apenas como uma passagem. É nossa obrigação intervir, agir e deixar marcas.

Tenho dificuldade em conceber que existam tantas pessoas que pouco ou nada façam para construir “obra” durante o período de tempo que permanecem entre nós. Nessas circunstâncias, elas não vivem e muito menos podem ser felizes. Têm apenas a ilusão disso.

O que mais me deixa feliz é saber que exerço uma profissão que me permite deixar marcas nos meus alunos. É essa a minha esperança e o meu desejo sempre que estou com eles. É esse o meu desafio diário. Eu “provoco” o seu pensamento e eles o meu. Eu enriqueço a sua cultura e eles a minha. Aprendemos juntos todos os dias.

Quando encontro um ex-aluno sinto que, independentemente da sua atividade atual, contribui para o seu percurso e para o que ele é agora. Ele nunca poderá apagar isso e eu sinto que acrescentei alguma coisa nele.

Deixar marcas não é um dom, é uma vontade.

Chinelos-com-pegadas-personalizadas

Imagens (daqui) e (daqui)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

OPORTUNIDADES, ONDE ESTÃO?…

EMPREGO 46

A perspetiva de conseguir um emprego em Portugal está cada vez mais longínqua. Os desempregados aumentam a cada segundo e a necessidade de procurar trabalho no estrangeiro aumenta a olhos vistos. Enquanto a procura é elevada, a oferta é insignificante.

Assistimos diariamente à saída de pessoas qualificadas para tentar a sua sorte noutras paragens. As vagas migratórias têm-se sucedido no tempo, mas agora os “emigrantes” são os estudantes e os profissionais com formação superior. O sinal é claro, a nossa degradação está galopante.

Veja-se o caso do número crescente de alunos, com muito boas médias, que decidem seguir os seus estudos superiores fora do nosso país. Como aqui as vagas são poucas e as hipóteses de colocação pós curso são reduzidas, eles tentam a sua sorte agarrando a oportunidade.

Para nós, o mais grave assenta no facto de muitos desses alunos não quererem regressar no final dos seus cursos. Optam por trabalhar fora do nosso país. Por outro lado, muitos dos bons alunos que completam a sua formação nas nossas universidades buscam melhores condições de trabalho no estrangeiro.

Por que razão acontece isto? Primeiro, existem demasiados cursos superiores cujas vagas não são preenchidas e cuja utilidade é, no mínimo, questionável. Segundo, há cursos em que o número de vagas é insuficiente, por exemplo medicina. Terceiro, verifica-se um grande desajustamento entre os tipos de cursos superiores e a necessidade de quadros nas empresas. Quarto, as empresas apostam pouco em quadros técnicos e muitos são injustamente remunerados.

Em Portugal, por exemplo, não existem médicos a mais, pois se assim fosse não se contratavam médicos estrangeiros. Na realidade, continuamos a ter o mesmo médico a ocupar diferentes lugares. O regime de exclusividade não se aplica, muito menos se fiscaliza. A promiscuidade entre o público e o privado dificulta a criação de empregos.

Outro problema seríssimo prende-se com a “fuga” de técnicos qualificados para o exterior. A necessidade de trabalho e de oportunidades obriga essa mão-de-obra valiosíssima a sair do país. Como esses quadros usufruem de boas condições, boa organização e melhores remunerações no exterior, aplicam-se mais no trabalho e o seu sucesso aumenta. Ganham eles, perdemos nós.

Por muito que me custe, este não é um país de oportunidades mas de oportunistas. Não é sítio para se trabalhar mas para a malandrice. E não é lugar para gente honesta mas para vigaristas. Efetivamente, somos um país deplorável que explora a sua mão-de-obra e não reconhece nem valoriza o esforço e o mérito.

Afinal, onde estão as oportunidades?

primeiro-emprego

Imagens (daqui) e (daqui)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ESSE SER INSATISFEITO…

olhar de mulher

Esse ser belo por definição, harmonioso nas formas, luxuriante no desejo e insatisfeito por natureza, é a mulher. A insatisfação nas mulheres não é um defeito, é um estado de virtuosismo constante. Inconscientemente a mulher procura as imprecisões e os defeitos nos outros, sejam eles homens ou outras mulheres.

Elas falam, comentam e intrigam, enfim adoram envolver-se. Dificilmente ficam indiferentes perante o assunto mais insignificante. Normalmente, trabalham melhor entre homens do que entre elementos do seu género. Não está em causa o facto delas serem inteligentes e trabalhadoras, mas são especialistas em desperdiçar energia coscuvilheira.

Os homens contentam-se com pouco e satisfazem-se com facilidade, mas as mulheres não. Elas querem tudo e nem quando o têm descansam. Se têm uma mala, uns sapatos ou um casaco não vão descansar enquanto não tiverem outro para a coleção. Eles preferem a eletrónica, elas a roupa.

Elas anseiam por segurança, mas depois de a terem sentem-se inseguras. Desejam um amor incondicional, no entanto, não o reconhecem em pleno. Admiram os homens, mas são incapazes de o admitir. Desejam-nos como amantes, mas não os procuram quando eles estão disponíveis.

O mais doloroso para o homem é tentar entender a mulher. É uma busca constante e infrutífera. Ela encarregar-se-á de baralhar, dificultar e complicar as coisas de forma consciente ou inconsciente, muito ou pouco, acabando por envolve-los nas suas teias incompreensíveis.

A frontalidade e a franqueza são caraterísticas mais masculinas do que femininas. Se o homem fala de alguém, fá-lo diretamente e sem rodeios. No caso das mulheres, já não é bem assim. Elas são mais dissimuladas, intriguistas e rancorosas. Guardam tudo durante muito mais tempo, especialmente aquilo que não lhes agradou. E quando pensas que o esqueceram eis que o usam inesperadamente contra ti.

O homem, esse eterno tolo, passa a vida a tentar agradar à mulher. Pensa pouco em si, tentando esporadicamente focar-se nele próprio e valorizar-se como pessoa. O maior problema masculino é o controlo do desejo. Ou será este um problema feminino, o controlo/descontrolo do desejo deles?

Não foi minha intensão fazer aqui a defesa do machismo sobre o feminismo, muito menos acho tolerável o contrário. Lembraria que, quem melhor consegue definir as mulheres são as próprias mulheres e não os homens.

Desejaria muito mais que as mulheres canalizassem as energias que consomem com coisas menores em esforços intrínsecos de simplicidade, transparência e entrega total a quem amam.

Os homens apreciam e desejam demais as mulheres para se perderem em superficialidades e futilidades. Será que elas ainda não perceberam isso? Quando deixarão as mulheres de pensar que nós homens só pensamos naquilo?

mulher01

Imagens (daqui) e (daqui)

domingo, 30 de outubro de 2011

O PLÁGIO, A BURRICE E O DESPUDOR…

Cábulas01

O que tem o plágio, a burrice e o despudor em comum? Fácil, estão banalizados e generalizados. Plagiar ou copiar é o recurso mais frequente, mais fácil e mais barato. Copiam-se ideias, projetos, obras de arte, livros, textos, imagens, vídeos e músicas. Enfim, plagia-se tudo sem regras nem pudor. Os direitos de autor são constantemente violados e não interessam a ninguém.

Normalmente, o plagiador tem consciência dos seus atos e nem sequer se preocupa em disfarçar ou ser desmascarado. Fá-lo descaradamente, repetidamente e tão despudoradamente que chega a roçar os limites da burrice. Copiar total ou parcialmente trabalhos dos outros é um ato inqualificável e de cabulice pura.

O copianço nos testes e exames é mais utilizado pelos alunos independentemente do seu grau de escolaridade, mas tem uma maior incidência no ensino superior. Talvez as razões assentem no laxismo do vigilante durante a realização das provas, no tipo de prova usada, no uso da mesma prova em anos consecutivos ou no mesmo tipo de abordagem à leccionação dos conteúdos.

Para mim o pior não é o dito copianço, muito embora se deva fazer de tudo para o evitar. Não aceito, de maneira alguma, o plágio integral ou parcelar. Existem regras a cumprir nas citações, nas referências bibliográficas, etc., que devem ser observadas. Há um trabalho enorme a desenvolver nesta área nas escolas com vista a minimizar este problema.

Mas o plágio de ideias, de projetos ou de textos/obras literárias e/ou científicas tem aumentado significativamente em todas as áreas profissionais. Projetos de especialidade de engenharia, planos de pormenor ou de arquitetura, textos literários ou artigos científicos são copiados sem medida ou controlo.

A verdade é que a nossa sociedade não fiscaliza e, pior do isso, não pune quem plagia. Por exemplo, são muito poucos os casos de retirada do grau de mestre ou de doutor por violação dos direitos de autor. E a banalização da compra de teses ou trabalhos realizados por “empresas” que fazem disso negócio? Como é possível recorrer a esses serviços e usar como desculpa a falta de tempo quem tem de concretizar esses trabalhos?

Na generalidade, o indivíduo deixou de ser original e criativo, usando e abusando da cópia. O esforço não existe ou está reduzido ao mínimo e o mérito não acrescenta valor nem é valorizado, logo não interessa. Uma sociedade que não reconheça o mérito e a excelência é uma sociedade condenada a prazo.

O recurso à internet veio facilitar imenso o acesso à informação, encurtando o tempo de procura e aumentando a quantidade de dados disponíveis. Se, por um lado, isto se revelou muito bom, por outro, potencializou a fraude e criou dificuldades há verificação dos direitos de autor.

É obrigação do utilizador usar a informação web com critério. Não podemos ficar pelo primeiro endereço eletrónico que obtemos na nossa busca. Devemos confirmar a informação obtida, procurar mais e ir fundo nas pesquisas. Sejamos desconfiados, insistentes e críticos no que fazemos. A credibilidade da informação e a diversificação das fontes são importantíssimas.

O facilitismo é inimigo da perfeição e amigo da burrice. Leva-nos, sem contarmos, à superficialidade e ao desleixo. Importa valorizar a originalidade e a criatividade, devemos abandonar rapidamente a prática do copiar e colar.

copy-paste2

Imagens (daqui) e (daqui)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A CRISE E A VONTADE DE TRABALHAR…

crise

A crise financeira e económica resulta de erros de gestão do capital e do trabalho. Deficiente planificação dos gestores públicos e privados, políticos ou não levou-nos a uma situação calamitosa que, na minha opinião, vai ser impossível de ultrapassar. As razões, que sustentam o meu raciocínio, são muito simples.

Primeira, o capital não está interessado no trabalho, embora dependa dele, despreza-o e explora-o. Nunca como agora as empresas se estão a aproveitar do momento para contratar pessoal qualificado ou não, pagando-lhes o mínimo salário possível. Exigem tudo e não pagam ao trabalhador o que é justo, as horas extraordinárias e dentro do prazo definido por lei. Não se preocupam em reorganizar, rentabilizar e potencializar recursos disponíveis. A produção máxima a custos reduzidos permitindo uma elevada faturação é o seu único objectivo.

Segunda, o setor financeiro investiu muito mais capital no estrangeiro do que cá. Logo, o dinheiro saiu muito mais do que entrou. O investimento em Portugal está condenado por causa das nossas leis e da sua aplicabilidade, da burocratização dos processos e da reduzidíssima celeridade da justiça. O despesismo do estado em obras públicas desnecessárias criou postos de trabalho precários e temporários, mas hipotecou as finanças para o resto das nossas vidas.

Terceira, o trabalho é que está a pagar a crise, ou seja, é ao rendimento do trabalho que se vai buscar receita em impostos ou contribuições para corrigir o esbanjamento do lado da despesa pública e privada. Sacrifica-se o contribuinte para obter receita imediata e não se combate a despesa do estado e das empresas.

Quarta, o endividamento das famílias é muito elevado quer por culpa própria, quer por irresponsabilidade, mais uma vez, do setor financeiro. A obsessão constante das instituições bancárias e seguradoras em apresentar lucros consecutivos influenciou e pressionou os particulares e as empresas a aderir a produtos que as suas contas correntes não podiam suportar.

Quinta, o uso da política para a promoção financeira e social atingiu níveis nunca vistos. Os políticos não servem a política, mas servem-se dela. O servir a causa pública é pura retórica. O compadrio, o tráfico de influências e a corrupção estão profundamente enraizados na nossa sociedade e nunca deixarão de existir. A promiscuidade entre o estado e as empresas atingiu limites impensáveis, onde a circulação bilateral sem pudor de pessoas e bens é escandalosa.

Sexta, os salários são baixos relativamente ao custo de vida, os aumentos salariais e as progressões nas carreiras estão congeladas e não se vislumbra quando deixarão de estar. Os impostos aumentaram e os benefícios fiscais e sociais diminuíram, o custo de vida aumenta, o desemprego não diminui, a economia não cresce.

Sétima, se não se imputa responsabilidade civil e criminal aos gestores pela contabilidade durante o período em que permanecem nos cargos, quem é que tem vontade de trabalhar? Porquê? Porque devemos ajudar a recuperar um país em que o povo muito pouco contribuiu para o seu estado actual? Para quê? Para entregar a gestão dos dinheiros públicos a indivíduos academicamente incapazes que só buscam a sua ascensão pessoal?

Oitava, os sacrifícios não são para todos, são mais para uns do que para outros. Não são para todos, porque o capital não está a contribuir com mais impostos para reduzir a crise como devia. Mais para uns do que para outros, porque uns são sobrecarregados com reduções salariais e perda de “metade” do subsídio de natal e outros não.

Em face disto tudo, quem é que tem motivação para trabalhar? E, por favor, não me venham com essa falácia de que temos que ajudar a recuperar o país. Quem assim fala, normalmente, pouco trabalha ou ganha acima da média. A crise já há muito tempo afetou a vontade de fazer mais, de melhorar. As pessoas só querem sobreviver ao trabalho e à sua vida, elas já não aspiram a mais nada. Não as martirizem mais, sacrifiquem-se “vocês”.

Vontade de trabalhar, onde andas tu? Procuro-te por todo o lado, mas não te encontro.

boa-vida

Imagem (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AS FÉRIAS E AS CONTRADIÇÕES…

ferias

Contradição do descanso: após onze meses de trabalho ansiamos pelo descanso das férias, mas quando elas surgem não é repouso que usufruímos. Ocupamos o tempo a cuidar da casa, dos outros ou de assuntos pessoais e, no final das férias, apercebemo-nos que estamos mais cansados do que quando as começámos.

Contradição da poupança: durante o tempo ocupado com trabalho vamos reunindo mensalmente algumas economias que usamos nos custos de umas merecidas férias. Quando chega a altura todo aquele dinheiro é gasto bem ou mal, de forma proveitosa ou não. No essencial, trabalhamos a esmagadora maioria do nosso tempo de vida para depois o gastarmos num curto espaço de tempo.

Contradição do prazer: poucos podem afirmar que o trabalho lhes proporciona prazer. A maioria tem que o efectuar pelo dinheiro e de uma forma mecânica onde o prazer está praticamente ausente. Durante as férias não, tudo é feito com o máximo gozo. Será? Quantos destinam esse período para fazer obras em casa, cuidar dos jardins ou das hortas, arrumar arrecadações ou garagens? E aqueles que durante as ditas férias trabalham por necessidade? Nestes casos, onde está o prazer?

Contradição da felicidade: o trabalho dá felicidade, mas poucos são aqueles que o podem confirmar. É, mais fácil para nós, entender que essa alegria está relacionada com o dinheiro ganho do que com a alegria resultante daquilo que fazem. Mas, todos admitimos que somos mais felizes em férias. Então, por coerência, devemos aceitar que passamos quase toda a nossa vida infelizes para podermos usufruir de relativa felicidade em férias.

Contradição do imprevisto: regra geral, as pessoas não apreciam imprevistos, nem no trabalho nem nas férias. Estes alteram as rotinas, criam dificuldades e retardam a execução das tarefas. O pior de tudo é ter as férias planeadas há muito tempo, perfeitamente definidas e, por um qualquer imprevisto, não se vão poder gozar. A morte de um familiar, um acidente, uma avaria em casa ou no automóvel, por exemplo.

Contradição do tempo: muitos meses de trabalho e um mês de justas férias. Acertar períodos de descanso entre duas pessoas nem sempre é fácil. Quantas vezes marido e mulher não as tiram ao mesmo tempo pelas mais variadas razões? Nos casos de impossibilidade de gozo delas por inteiro, a sua repartição pode criar sérias dificuldades de coordenação e sobreposição com as dos amigos, dos parentes, dos companheiros ou dos filhos. A tarefa de fruir de férias sozinho não implica inconvenientes. Mas quantos são os que o podem fazer?

Contradição do clima: a estação de ócio encontra-se centrada nos meses de Julho e Agosto, mas preferencialmente neste último. O clima, por acção do próprio homem, está em constante mudança e as estações do ano algo alteradas. Imagine-se trabalhar durante todo ano e nas férias o clima pregar-nos “partidas”. O Sol que devia brilhar, esconde-se atrás das nuvens. As temperaturas máximas estão baixas e as mínimas gélidas. E os dias de férias chuvosos?

Na realidade há demasiadas contradições nas nossas férias, mas ainda não percebi por que razão sinto que quando as minhas acabam já estou a pensar nas próximas.

Férias_de_pobre

Imagens (daqui) e (daqui)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O FACEBOOK E O CARÁTER…

Facebook-Logo

Confesso que há algum tempo esta temática me andava a revolver as entranhas e para evitar mais problemas de estômago resolvi colocar em palavras aquilo que as minhas vísceras tanto lamentam.

Mas afinal qual a relação entre o facebook e o carácter? Eu explico.

O facebook é uma plataforma online que, permitindo a cada indivíduo registado criar um website com informações pessoais, funciona como uma rede social. A sua principal particularidade é o “Mural”, um espaço na página de perfil do usuário que permite a ele próprio ou aos amigos postar e trocar mensagens, partilhar fotos e ligações web ou vídeo.

Ora é aqui que começa a revelar-se o carácter dos seus utilizadores. Existem desde aqueles que se registam com informações falsas ou usam fotos não pessoais aos que disponibilizam todas as indicações no seu perfil. Dos dissimulados aos sinceros e abertos, dos desbocados aos controlados e com opiniões válidas, encontra-se de tudo.

Curiosa é a circunstância de existirem pessoas que aceitam convites de amizade de outras que não conhecem. Esta necessidade de possuir muitos amigos virtuais traduz um aspecto presente nas novas gerações e que carece de ser bem estudada, no entanto, define bem o seu carácter.

Por outro lado, temos aqueles que são selectivos e que apenas aceitam como amigos os que de facto conhecem. As capacidades de escolher e de dizer não são valores que devem definir uma boa personalidade.

Mas é nos jogos do facebook (farmville, cityville, etc) que outra particularidade do carácter se manifesta. Nalguns a competitividade é levada ao extremo, demonstrando facilmente o quanto podem ser egoístas. Querem estar acima dos outros, entenda-se, posicionados nos níveis superiores dos jogos. Ou seja, só querem ganhar a todo o custo.

Então como procedem? Solicitam continuamente aos seus “vizinhos” de jogo tudo o que precisam e pouco ou nada dão de volta. Não percebem que o gozo está em dar e receber. O mais engraçado disto é que no começo, pedem e recebem, pedem-lhes e dão, mas com o tempo deixam de dar. Ao fim de algum tempo deixam inclusive de jogar aquele jogo e saltam para outro.

O problema, de carácter, não se resolveu, apenas foi reposicionado. A partilha é uma faceta da personalidade importantíssima. Quantas vezes ao ajudar os outros, eu estou a ajudar-me também? Não vale a pena dizerem que não sabiam “jogar”. É uma questão de aprenderem, pois eu aprendi e aprendo todos os dias.

Percebam que ajudando-se mutuamente crescem e melhoram os dois. Qual o interesse de crescerem a custa do outro, de subirem de nível, até em jogos, à custa dos outros? Normalmente isso funciona por pouco tempo, por que os “trouxas” ficam espertos e acabam com a mama.

Gostaria que compreendessem a partilha como um valor positivo do carácter e que os comportamentos assumidos pelas pessoas definem de facto o que elas são.

Personalidade

Imagens (daqui) e (daqui)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

AMAR É…

amor

Amar é:

  • estar sozinho e sentir que não se está só, mesmo que ela não esteja presente.
  • estar na mesma casa, em locais diferentes, e sentir que ela está ao nosso lado.
  • estar na mesma divisão, ainda que em silêncio, e olhar para ela sem nada dizer.
  • sentir um desejo constante de estar juntos.
  • ansiar por voltar a casa para a rever.
  • sentir um prazer imenso em ouvir a sua voz.
  • não sentir cansaço, nem desprazer de conversar com ela.
  • querer beijá-la repetidamente durante o dia.
  • lembrar-se frequentemente dos seus beijos, abraços e carinhos.
  • desejar abraça-la para sentir o calor do seu corpo e o bater do seu coração.
  • sentir um arrepio e uma excitação de cada vez que lhe tocas.
  • olhar para ela e desejá-la constantemente.
  • acordar ao meio da noite e senti-la na cama a teu lado.
  • ouvi-la ressonar e dizer-lhe que não a ouviste durante a noite.
  • passares, sem quereres, todo o dia a pensar nela.
  • passear com ela de mão dada e sentir a sua pele.
  • reconhecer o seu cheiro ou perfume e senti-la ali.
  • olhar nos seus olhos e reconhecer tudo o que os une.
  • saber que ela é uma amiga e que podes contar sempre com ela.
  • prazer nos sentimentos por ela.
  • saberes que tu e ela são um só.
  • querer morrer por ela.

E quando se sente tudo isto, então é por que se ama na plenitude e se encontrou a “alma gémea”. Poderemos procurar a vida inteira e nunca a encontrar, mas eu encontrei a minha.

Tal como alguém uma vez disse: “O amor é muito lindo enquanto dura”. Enquanto o meu durar, eu vou aproveitar. Vivendo-o a cada dia que passa. Só desejo que ele me acompanhe até à morte…

P.S. – Obrigado AMOR por me deixares amar-te e PARABÉNS pelo nosso décimo aniversário de casamento.

Imagem (daqui)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A IDADE QUE TEMOS…

envelhecimento

O que definirá concretamente a idade que temos? Será que somos entidades cronológicas condicionadas unicamente pelo número de anos que já atingimos? Existirá ou não, uma idade psíquica para além da física? De que forma o nosso envelhecimento é influenciado pelo nosso tipo de vida, pela imagem construímos de nós próprios e pela imagem que os outros fazem de nós? Qual a importância de aceitarmos e usufruirmos a nossa idade?

O número de anos que o indivíduo tem no presente define a sua idade cronológica. Mas será a sua idade física ou a psíquica? Será que as duas de desenvolvem paralelamente? E qual das duas mais contribui para o envelhecimento acelerado e para a perda da qualidade de vida?

Quantas vezes nos deparámos com pessoas idosas e espírito jovem? Na verdade, poucas vezes. A razão prende-se com o facto de isto não ser padrão, mas uma raridade. Esta capacidade requer um corpo são e uma mente sã. No fundo, requer a aceitação da sua idade física e adaptação contínua às perdas de capacidades físicas. Modificando e aprendendo com a idade, mantendo uma mentalidade jovem.

Os espíritos jovens resultam de formas positivas de encarar a vida e de ultrapassar os problemas. Sim, ultrapassar os problemas e não ficar parado em confronto constante e duradouro com eles. Isso consome e envelhece o espírito e a mente. A procura da felicidade deve ser uma constante e não a tristeza, a amargura ou o rancor.

E pessoas na “casa dos trinta ou quarenta” que parecem ter sessenta ou setenta? Nesta categoria, existem muitas. Aqui, o que se verifica é que a idade mental está claramente mais avançada, mais envelhecida. Na maioria das vezes, a razão não se relaciona com a forma como estas pessoas “castigaram” o seu corpo com trabalho físico. O trabalho duro mas feliz não envelhece, mas rejuvenesce proporcionando atitudes mentais joviais.

É evidente que o envelhecimento das células, dos tecidos e dos órgãos é um processo contínuo ao longo da vida, logo o cérebro como órgão acompanhará esse percurso. A diferença reside nas nossas vivências, experiências, no essencial, na nossa atitude de vida. Não vos vou falar que uma alimentação rica e diversificada é determinante para o bem-estar físico, psíquico e social. Mas gostaria que entendessem o seu reflexo ao nível psíquico e social. Um simples jantar em família ou com amigos não é um convívio social que nos dá prazer?

Viver a vida despreocupadamente, sem a obsessão de falar e interferir na dos outros e, acima de tudo, usufruindo o máximo da vida a cada segundo que passa, corresponde há melhor forma de se manter jovem. Esta é a verdadeira fórmula da juventude.

E funciona? A experiência diz-nos que sim. É muito difícil de colocar em prática? Na verdade é, pois a luta e a tentação são diárias. Devemos evitar a todo o custo confrontações teimosas e conflitos desgastantes, pois isso vai incomodar-nos e precipitar a nossa velhice. A procura permanente da alegria interior fortalece-nos e rejuvenesce-nos como um todo.

Evitemos falar ou comentar negativamente e/ou depreciativamente a vida dos outros por ser uma perda de tempo e uma inutilidade. Não aceitemos que falem ou interfiram na própria vida, mas também não nos perdamos em devaneios ou verborreias sobre a dos outros. O nosso espírito deve manter-se limpo.

Apesar de sentir que o meu corpo vai perdendo faculdades com o passar dos anos, mantenho um espírito jovem. Vivo ao máximo cada segundo da minha vida e se algo a qualquer momento não me agrada, mudo, altero ou ultrapasso. Não fico parado no tempo, nem remoo no assunto. A vida é linda, mas curta demais para nos perdermos com “infelicidades” ou contratempos. A vida avança e nós devemos acompanhá-la e nunca ficar para trás.

Quando somos jovens queremos ser mais velhos, mas quando somos idosos o desejo de parar o avanço da idade é muito grande e a ânsia de travar o tempo também. Parece que andamos todos em contra ciclo. Aceitemos a idade que temos.

É por tudo isto que me sinto feliz com a minha idade…

juventude e velhice

Imagem (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

COMO FOI POSSÍVEL!…

Eleições

Como foi possível 28,1% dos portugueses terem votado no partido socialista, nas eleições legislativas do passado dia 5 de Junho? Será que estas pessoas não viveram em Portugal nos últimos seis anos? Sim, seis anos. Foi de 2005 a 2011. Esqueceram-se ou fizeram-se esquecidas?

Esquecimento não foi, mas sim fanatismo político. Eu disse e afirmo, foi puro fanatismo político. Não foi por questões ideológicas, pois a ideologia socialista há muito que não existe. Foi, também, cegueira colectiva relativamente ao líder. A centralização do partido na figura do seu líder levou ao deslumbramento e à sua idolatração, daí se explica muito daquele resultado obtido.

O partido descaracterizou-se ideologicamente quando se “encostou” ao centro. A sua matriz social, que tanto tentaram “vender” nas campanhas, está reduzida a quase nada. Foi esta liderança socialista que degradou profundamente o estado social, corroendo e danificando um dos seus principais pilares ideológicos. Não estão recordados dos cortes salariais, do aumento das prestações sociais, do aumento das taxas moderadores, do aumento sem critério do IVA, do corte no abono de família e da redução nas deduções à colecta. Só para citar alguns.

O papel do estado na economia é e continua a ser outro dos paradigmas socialistas. Não conseguem definir se deve ser o estado a assumir o investimento ou se caminham para um plano mais liberal, social-democrata, de passar para a sociedade parte da responsabilidade da produção de riqueza. É aqui que reside a maior confusão socialista com a contínua defesa e manutenção das obras públicas, em particular o famoso TGV. Construo ou não, eis a desorganização!

Outra confusão ideológica socialista assenta na ideia que deve ser o estado a deter o maior número de empresas com maioria de capital público, ou seja, ser o estado a ditar as regras, controlando o mercado, promovendo e mantendo os monopólios. Esta é claramente uma perspectiva de esquerda. Por outro, vai esboçando tímidas tentativas mais liberais de privatizar empresas de capital público com boa situação financeira. Continuam à deriva.

Como se compreende, não acredito que os votantes socialistas destas últimas eleições o tenham feito por convicção ideológica, mas se pensaram que os antigos valores ou figuras do seu partido ainda lá estão, então cometeram outro equívoco. Votaram por saudosismo.

Direi ainda que, a elevação suprema do seu líder secou e reduziu as figuras partidárias secundárias de apoio ao mínimo, criando enormes problemas de reestruturação e de surgimento de novas personalidades político-partidárias credíveis. O partido socialista está seco em matéria de liderança e vazio ideologicamente. A travessia do deserto vai ser longa e trará custos incalculáveis.

Como foi possível tantos portugueses se enganarem? Será que se equivocaram mesmo? Porque foram tão conservadores no seu voto? Confesso que não percebo. Tinha a convicção que o povo era sábio mas afinal enganei-me redondamente.

Manuel_Alegre_rosa

Imagens (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ONDE PARAM OS AFETOS?…

Amizade

As pessoas passam umas pelas outras e já nem sequer se olham, muito menos se cumprimentam. Trocar um sorriso com o outro passou a ser um comportamento raro ou, muitas vezes, encarado como insinuoso. Mas, então onde param as palavras amáveis e os afectos?

Será que a vida das pessoas lhes secou a ternura, a doçura e o sentimento fraterno pelos outros? Se observarmos bem, chegaremos à conclusão que sim. Os apertos de mão são circunstanciais, os toques superficiais e os poucos mimos ligeiros.

Cumprimentar alguém desconhecido de forma neutra, sem julgamentos ou preconceitos, é um acto de educação e cordialidade. A saudação politicamente correcta encerra, quase sempre, falsidade e deslealdade. Agravando-se este comportamento quando se junta um sorriso fingido.

O beijo com os lábios na cara do outro desapareceu. Foi substituído pelo beijo queque, dado com a face. O beijo, esse sai disparado para o vazio. O sentimento perde-se nas costas do outro. Nunca se chega a manifestar como acto de consideração, muito menos de carinho.

O pior de tudo são os olhares desconfiados e/ou invejosos daqueles que assistem a actos públicos de casais que se amam. Estão nesta categoria o andar de mão dada e os beijos ternos. Por se terem tornado raros, são agora motivo de comentários, desconfianças ou maledicências de solitários e/ou mal-amados.

O abraço sincero entre amigos propicia sentimentos que nunca mais se esquecerão. Os braços abertos expondo o peito e o coração ao outro, o contacto entre o peito de ambos e as palmadas fraternas nas costas são actos sublimes. Quantos se podem gabar de ter um amigo verdadeiro a quem dão abraços destes com frequência?

As pessoas têm medo de manifestar afecto genuíno, escondendo o que sentem. Elas não se tocam, não se expõem e, muito menos, revelam afectividade. Elas deixaram de viver as suas vidas para viver a dos outros. Como eu lamento estas mudanças nas pessoas.

cartoon_friends

Imagem (daqui) e (daqui)

domingo, 15 de maio de 2011

“MALDITA” TESTOSTERONA…

800px-Testosterone_structure

A testosterona é produzida tanto pelos testículos como pelos ovários humanos. A grande diferença reside na quantidade. O homem segrega, em média, vinte a trinta vezes mais quantidade desta hormona.

Mas afinal, qual é o seu papel no nosso organismo? Promove o aumento da massa muscular, sendo esta maior no homem relativamente à mulher. É responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos (crescimento da barba, engrossamento da voz, alargamento dos ombros, aparecimento dos pêlos púbicos e crescimento do pénis).

Até aqui, tudo isto se enquadra nas funções normais desempenhadas pela testosterona. No entanto, elevadas taxas desta hormona no sangue tendem a aumentar a irritabilidade e a agressividade no homem, apenas porque este produz mais. Por outro lado, grandes quantidades daquela substância aumentam o apetite sexual.

Vários estudos apontam para que quanto maior for o nível da hormona maior é a predisposição para ter relações sexuais. Outros referem que, homens entre os 30 e os 40 anos com testosterona alta são menos propensos a casar-se e divorciavam-se mais facilmente. Além disso, homens com níveis mais elevados desta substância têm o dobro das possibilidades de ter relações extraconjugais do que os outros que tinham níveis mais baixos.

Perante isto, quais as conclusões que devemos tirar? O homem, simplesmente porque produz muito mais testosterona do que a mulher, tem maior apetite sexual. Ou seja, está, por razões fisiológicas que muito dificilmente consegue controlar, constantemente disponível para ter relações sexuais.

E, quais as consequências disto nas relações entre homem e mulher? Geralmente, o homem sente mais libido sexual, irrita-se mais facilmente porque não o satisfaz com a frequência que os seus níveis hormonais o obrigam. Como a mulher não tem que lidar com este problema, consegue controlar e disciplinar o seu “apetite”.

Deve ficar absolutamente claro para todos (homens e mulheres) que esta minha abordagem de hoje não tem nenhum carácter justificativo do comportamento dos homens perante as mulheres, mas deve ser entendida como uma característica biológica que nos diferencia e que perturba o equilíbrio das relações. Muito menos deve ser interpretada como uma posição machista da minha parte.

Se ambos os géneros humanos entendessem bem as suas diferenças biológicas, talvez o sexo fosse uma prática que os uniria mais do que os separa. “Maldita” testosterona que nos desequilibra emocionalmente, mas também nos faz desejar tanto as mulheres.

Casal_sensual

Imagem (daqui) e (daqui)

sábado, 30 de abril de 2011

A GALINHA DA VIZINHA…

chickenknitA galinha da vizinha é sempre melhor que a minha. Este é o provérbio que tem arrasado, ao longo dos anos, com este país. A razão subjacente a isto está na inveja que sentimos uns dos outros. E, sendo este povo a que pertenço tão católico, porque não entende que esse sentimento é negativo, mesquinho e inferior?

As dificuldades, as agruras e os sacrifícios sentidos no decurso da nossa história, não devem justificar o desejo de ter tudo aquilo que o outro tem. É evidente que devo aspirar a mais e que devo lutar por isso, mas nunca contra quem já o conseguiu. Se o meu vizinho tem uma galinha gorda e bonita, eu devo cuidar e alimentar a minha para que ela seja igual ou melhor do que a dele.

Mas, não. Ficamos eternamente a cobiçar a “galinha” dos outros. Ansiamos por possuí-la, nem que seja roubá-la. Desejamos, em pensamento, que algo aconteça ao seu “galinheiro” para poder ficar com as “aves”. Se for necessário, não hesitaremos em envenenar o dono, para poder ficar não com uma mas com todas. Ridículo, profundamente ridículo.

É esta a atitude que nos faz malandros, preguiçosos, interesseiros e trapaceiros. Não temos vontade própria para querer ser melhor do que o vizinho. Mas não interessa ser melhor para depois nos gabarmos disso. Temos sim que tentar superar de uma forma sã o que os outros fazem.

A tentativa de ultrapassar as proezas do “vizinho”, enriquece-nos como pessoas e estimula o outro a suplantar o que atingimos. Esta disputa acrescenta sabedoria e promove o acréscimo cultural da sociedade e não do indivíduo. Não podemos continuar a ser tão egoístas e a olhar só para dentro de nós próprios. Se assim continuarmos, seremos sempre socialmente pobres e culturalmente medíocres.

Vamos lá a dizer, duma forma sentida, que: “A galinha da vizinha é igual à minha”.

P.S. – Não matem a galinha só para não terem o trabalho de cuidar dela.

galinha_bomba

Imagem (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A SOLIDÃO MATA-NOS…

pessoa_idosa_sozinha

Estar sozinho não é o mesmo que estar só. Apesar de não sentir solidão, aprecio os momentos em que estou apenas eu e as coisas. É nessas alturas que damos valor à amizade, ao companheirismo e ao amor. Apreciamos melhor tudo porque, no fundo, sabemos que temos alguém.

Sentir solidão é sentir tristeza. Uma enorme tristeza interior. É querer ter alguém para trocar umas palavras, uns carinhos e não ter. A solidão traz o isolamento, o isolamento a indiferença, a indiferença a ausência e a ausência a depressão.

Embora a idade possa trazer solidão, acho que ela corresponde a um estado de espírito. Por isso, pode atingir o indivíduo em qualquer altura da sua vida. Quando olhamos, e é necessário ter essa capacidade, nos olhos de alguém só, conseguimos ver que a sua alma chora, o seu olhar é cinzento e a sua aura opaca.

Se não se tem ninguém ou se a companhia de outro não nos preenche, então a solidão mata-nos aos poucos. Ela vai-nos corroendo por dentro, destruindo-nos devagarinho. Vamos ficando vazios, sem conteúdo. Vão-se perdendo as memórias. Vai-se morrendo por dentro todos os dias.

Nas pessoas que sofrem de solidão, o tempo parou e a vida vai acabando. Já não há muito a fazer por ela. É esperar que ela acabe ou que alguém nos leve para um lugar onde possamos não estar sós.

Sinceramente, não desejo a ninguém que morra abandonado na sua própria casa e muito menos que seja encontrado meses ou anos depois, pois se isso lhe acontecer é sinal que o seu fim foi profundamente triste. Não há nada pior do que morrer só.

Portanto cuidado, muito cuidado, pois o egoísmo, a avareza, a inveja, a intriga e a maledicência trazem solidão. Em conclusão, matam-nos sem sentirmos.

solidão_idosos

Imagem (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

TER, MAS NÃO TER…

papa reformas

Toda a gente aspira a ter, mas será que de facto chegam a ter? Será que depois de possuírem um bem, ele é de facto seu? Mesmo depois da sua aquisição e passagem para nome próprio, o bem é seu efectivamente? Não serão todos os bens pertença do Estado e portanto sujeitos a impostos, contribuições ou taxas e, portanto, não estarão todos eles “arrendados” aos seus legítimos proprietários?

É sabido que, quem não tem automóvel deseja ter um. Escraviza-se pela vida fora só para conseguir uns tostões que cheguem para o comprar. Quando é chegado o momento, só se pensa na felicidade do carrito novo e esquece-se que se ficou com um tipo especial de “arrendamento” às costas para toda a vida. Os custos com as prestações, as manutenções periódicas, o combustível, os pneus, os seguros e com o imposto de circulação. Tudo “rendas” periódicas e cíclicas. E os possíveis encargos resultantes de multas, danos e acidentes na sua viatura e na dos outros?

Falemos, agora, da casa de habitação. Todo o indivíduo quer ter casa própria. Assim, ou trabalha arduamente para juntar umas massas e depois a constrói ou compra, ou então, adquire-a e paga-a duma só vez ou a vai pagando ao longo do tempo. Em ambas as formas estão implicados sacrifícios e abnegações. São os encargos com as prestações, os seguros, a manutenção, a água, a electricidade, o gás, o saneamento e o imposto municipal sobre imóveis (IMI). Mais “rendas” periódicas e cíclicas.

Agora coloquemos outra questão importante. Imaginemos que queremos ou temos que vender o automóvel ou a casa. Quando adquirimos o tão desejado carro novo, nem sequer percebemos que assim que saímos do stand, ele automaticamente desvalorizou. Durante o tempo em que esteve nas nossas mãos, ele continuou a perder valor comercial. E perdeu muito. Ao sabermos o seu valor no acto da venda ou troca, iremos constatar quanto desvalorizou. Mas, ainda assim, continuamos a aspirar por outro carrito ainda melhor.

E o valor da casa, quando a vendemos? Então lutámos tanto para a comprar ou construir e vamos vendê-la? A “verdade de La Palice” diz-nos que: “Só se vende um bem uma vez”. Portanto, há que vender bem. Até aqui, tudo corre sobre rodas. E o IMT (Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis, imposto a pagar após a venda? Estava a malta toda satisfeita com a transacção e a realização de capital e lá vai “voar” uma parte considerável dele.

Após o que vos disse, ainda pensam que ter é bom? Confesso que a nossa cultura me confunde. Só queremos ter e vivemos para ter tudo, mas na verdade nunca possuiremos nada inteira e unicamente nosso. Se calhar o fortíssimo sentimento de posse que temos resulta do facto de termos tão pouco e do sacrifício que fazemos para o ter.

Mas, mais vale contentarem-se com pouco e serem felizes. Pois, se calhar, feliz é aquele que nada tem, porque também não tem que pagar…

casa

Imagem (daqui) e (daqui)

terça-feira, 15 de março de 2011

ESTOU ABISMADO…

field-strip-glock-800X800

Fiquei surpreendido e, também, atónito com a notícia. Na realidade, estou abismado. Como é possível alguém dar um tiro noutro acidentalmente nestas circunstâncias? Um polícia atinge mortalmente um colega no abdómen quando efectuava procedimentos de segurança com arma de fogo?

Não consigo entender como pode isto acontecer a um profissional de polícia que lida com estas situações todos os dias. No entanto, já consigo ouvir-vos dizer: só acontece a quem lida diariamente com armas e é mais provável acontecer a um policial do que a um cidadão comum.

Não, não é bem assim. Lamento dizer-vos mas vocês estão errados. Não foi só um acidente, foi negligência. Porquê, perguntam vocês. Eu explico. Para quem não sabe, os procedimentos de segurança usados com arma de fogo são, basicamente, os seguintes:

Primeiro, ao pegar na arma nunca colocar o dedo no gatilho mas ao longo do guarda-mato, pois esta pode ter uma munição na câmara e não estar em segurança, ocorrendo um disparo por pressão do gatilho.

Segundo, verificar se a arma está em segurança, assim, mesmo que se prima o gatilho ela não dispara.

Terceiro, retirar o carregador, mas nunca pensar que não possa existir uma munição na câmara.

Quarto, puxar a corrediça duas vezes, eu disse duas vezes, para fazer sair uma possível munição da câmara.

Quinto, destravar a arma e realizar um disparo em seco, mas nunca na horizontal ou para baixo, sempre para cima.

Se se tivesse procedido desta forma nunca teria ocorrido um acidente deste tipo. E, não querendo parecer demasiado crítico nas minhas palavras para com o agente causador do disparo, afirmo que isto não devia ter acontecido.

Para que não haja dúvidas, cumpri serviço militar e desempenhei funções de oficial de tiro. Assisti a algumas situações insólitas acontecerem e, só por manifesta sorte, não sucederam mais “acidentes” em sessões de tiro de manutenção quer com militares quer com policiais de diferentes forças.

Fiz tiro de preparação de armamento (afinação, calibração, etc), de manutenção e de competição. Com munição de salva e real, de todos os calibres com variadíssimos tipos de armamento. Por tudo isto, considero-me uma pessoa avalizada e com experiência para falar deste assunto. Pode ser que esteja errado ou que haja algum factor que desconheça, mas, até prova em contrário, mantenho o que disse.

Lamento a morte do polícia, mas lamento mais a displicência deste “acidente”.

glock-9mm

Imagem (daqui) e (daqui)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A NATUREZA É PROMÍSCUA?…

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Há luz dos “supremos” valores culturais humanos, a promiscuidade é uma prática aceite por uns e criticada por muitos. Se falarmos da promiscuidade nas relações sexuais, então eis que altos valores morais se levantam para a reprovar e marginalizar.

Então, quais são as razões por que os humanos são tão críticos a julgar comportamentos dentro da própria espécie e tão benevolentes em relação às outras? Será pelo facto de nos auto-qualificarmos de racionais? Será por sermos mais evoluídos e/ou superiores relativamente às outras espécies?

Será hipocrisia ou aceitação disfarçada o facto de tolerarmos que o macho do arminho viole as suas crias fêmeas quando elas atingem a maturidade sexual? E, no entanto, somos particularmente violentos na crítica ao incesto entre os humanos. Estará a razão desta nossa atitude assente unicamente na racionalidade?

E, por que razão não nos sentimos afectados ou invadidos pela repulsa quando um cão procura copular com um gato? Por que será que achamos, inclusive, alguma piada? Na verdade, estes comportamentos parecem-nos normais nas outras espécies? E, por que não o são dentro da nossa? Por que não o aceitamos sem julgamentos?

Será que a “nossa” condição de entidade evoluída e racional nos permite fazer juízos de valor sobre as relações entre dois homens ou duas mulheres? E, quais as razões por que aceitamos com mais benevolência as relações homossexuais femininas? E, não nos sentimos tão afectados ou perturbados? O que nos faz ser tão intolerantes relativamente à homossexualidade masculina? Será esta promíscua? Ou contra-natura?

Na verdade, criticamos os comportamentos dos outros que fogem à norma e às leis da natureza. Mas a natureza não impôs regras, fomos nós que as definimos. As espécies em geral regem-se pelo instinto de sobrevivência e pela capacidade reprodutiva. O seu objectivo prende-se com a transmissibilidade dos genes mais fortes, ou seja, daqueles que asseguram uma descendência com maior capacidade adaptativa ao meio.

Ao colocarmos limites nos relacionamentos, perdemos a espontaneidade e o instinto animal. Disciplinámos a relação e introduzimos juízos de valor, em suma, comprometemos a atracção e a volúpia. Libertemo-nos de preconceitos pois assim viveremos mais felizes.

Amemos com animalidade e intensidade, mas sem violência ou julgamentos.

Coelhos_em_copula_01

Imagem (daqui) e (daqui)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O ISOLAMENTO QUE PROTEGE…

Isolamento2

As pessoas estão a isolar-se cada vez mais para se protegerem. Procuram proteger-se das asneiras, das mentiras, das tendências, das influências e das manipulações dos outros. A espécie humana perdeu a vergonha e mente descarada e escandalosamente. Já não se pode confiar em ninguém e o melhor é fugir da superficialidade e da futilidade do convívio.

As conversas são circunstanciais e dissimuladas. São vazias de conteúdo e de ideias. As pessoas quase não falam de si, protegendo-se do falatório, da maledicência e da inveja dos outros. Preferem viver cada vez mais isoladas, logo protegidas. Nem mesmo no seio das famílias a confiança reina. Desconfia-se de toda a gente, pois se assim não for, mais tarde ou mais cedo, um indivíduo “queima-se”.

Quando falamos do papel dos media em informar e manter informados os cidadãos sobre o que se passa no nosso país, eis que se manifesta a nova calamidade. As notícias são tendenciosas, mentirosas e parciais. Os jornalistas já não se preocupam em informar imparcialmente. Domina o jornalismo sensacionalista. A notícia não surge por si, é forjada.

A informação é deturpada e redutora, divulga-se e repete-se até à exaustão. O que interessa é desinformar o indivíduo. Qual será a reacção de uma pessoa de bem perante tudo isto? Simples, afasta-se e protege-se. Deixa de ler jornais e revistas, de ouvir noticiários radiofónicos e televisivos. Já não há paciência para tanta demagogia e aldrabice. Até, as caras dos vigaristas são sempre as mesmas.

O que podemos nós fazer? Agir, nem que seja com indiferença. Devemos ter esperança que as coisas vão mudar? Não, não sejam tolos. Este estado de coisas nunca se resolverá, unicamente porque somos portugueses.

Como já foi dito há 2000 anos atrás: “Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar…”. Quem disse isto foi o cônsul e general romano Caio Júlio César (100 a.C. – 44 a. C.) referindo-se a uma população que viria a formar mais tarde o condado portucalense. Nunca como agora esta afirmação se reveste de tanta verdade e clarividência.

Reajam celtas ou lusitanos, mas façam alguma coisa…

Grito

Imagem (daqui) e (daqui)

domingo, 30 de janeiro de 2011

MALDITOS RANKINGS…

Ranking_01

Malditos sejam os rankings das escolas relativos aos resultados dos exames nacionais. Malditos, porque comparam realidades muito díspares. É justo colocar lado a lado escolas do litoral com escolas do interior do país? Ou escolas das grandes cidades com escolas distantes dos centros populacionais?

Rankings que, do ponto de vista estatístico, comparam resultados de escolas que “levam” a exame um número de alunos completamente diferente? Não é distinto ter a exame três dezenas de alunos a uma determinada disciplina ou ter uma centena e meia? Posso comparar, com justiça e rigor, estas duas situações?

E a mistura, no mesmo saco, de escolas públicas e privadas? Sejamos sérios. As escolas privadas e algumas públicas seleccionam os seus alunos. Quer pelos seus currículos académicos, quer pelos seus recursos económicos. Não aceitam todos. Não são verdadeiras escolas inclusivas e abertas a todos, pois manter um elevado padrão de resultados obriga a sacrificar muitos alunos.

Também controlam o seu rendimento, de maneira a que ele seja mantido a níveis elevados. Caso contrário, o aluno é convidado gentilmente a procurar ajuda fora da escola, vulgo explicações, ou a mudar de instituição escolar. Nos antípodas destas, encontram-se a maioria das escolas públicas que inscrevem todos os alunos que podem, que arranjam. Chegam até a fazer “campanhas” de angariação de alunos. Ou para que servem na sua essência os “dias abertos”?

Outra realidade, que conheço bem, assenta no facto de existirem escolas que são “receptoras” de alunos provenientes de outras. Este tipo de instituições não possui turmas e alunos em número suficiente no 3º ciclo para “alimentar” as suas turmas do secundário. Então, depende da massa estudantil de escolas do 2º e 3º ciclo da sua área de implantação.

Assim, não será injusto comparar, em contexto de ranking, escolas que trabalham os seus alunos durante muitos anos seguidos com outras que, para exame nacional, os prepararam apenas em dois ou três anos, conforme as disciplinas? Não produzirão estas duas realidades resultados diferentes no “famosíssimo” ranking?

Vamos ser dolorosamente honestos. È igual a atitude de rigor e exigência de escolas que leccionam até ao 3º ciclo e que depois “fornecem” os seus alunos àquelas que os recebem no ensino secundário e as escolas que incluem o 3º ciclo e secundário? Não pensarão estas escolas de forma desigual? Não deviam, mas a realidade, muitas vezes escondida e calada, diz que sim.

Malditos sejam os rankings que este hediondo ministério da educação resolveu implementar desta forma cega. Que vantagens trouxe isto à qualidade do ensino? Que repercussões negativas introduziu nas práticas docentes? Que consequências teve no prazer de ser professor?

O professor transformou-se num burocrata. Desempenha agora mais funções administrativas do que educativas ou pedagógicas. Os professores estão afogados em papelada, ocupam-lhes o tempo todo do dia, reduziram-lhes a vida privada à insignificância. O professor já não tem tempo para pensar e preparar as suas aulas. E vêm-me falar de rankings?

Não consigo ver virtudes nestes rankings, apenas pressão, pressão e mais pressão nas pessoas. Como se fossemos todos uma cambada de malandros e vampiros famintos por dinheiro que desprezam uma profissão que escolhemos por gosto e/ou por vocação.

O paradigma da educação em Portugal tem de mudar e já. Aposte-se mais nas pessoas e menos nos edifícios, mais nos recursos materiais e menos no marketing e publicidade, mais na formação de qualidade e menos em processos avaliativos duvidosos e injustos, mais na simplificação de processos e menos na burocracia.

Não desvalorizem a carreira docente, não matem o ensino em Portugal porque matam o progresso. E tenham todos a perfeita consciência que, em tudo aquilo que são e fazem esteve a mão de professores.

Escola

Imagens (daqui) e (daqui)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

HOMENAGEM EM VIDA…

P1010065

PAI001

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca entendi este povo português que teima em homenagear o indivíduo só depois da sua morte. Será que para nós é culturalmente doloroso reconhecer o mérito do outro quando ele ainda se encontra entre nós?

Não é claramente mais valioso para aqueles que têm uma vida pela frente recordar a demonstração pessoal e pública à pessoa que se gosta ou que se destacou pelos seus serviços prestados aos outros e à comunidade?

Na realidade pouco vale aquele que se finou a homenagem póstuma, pois ela é efémera para os que cá ficam e inútil para quem já se foi. O reconhecimento do esforço, da dedicação e do profissionalismo, no final de uma vida, não se dimensiona, sente-se.

Por tudo isto vos digo. Esta é minha homenagem a alguém que me marcou, me marca e me marcará sempre. Foi, não, ainda é, apesar de reformado, um professor dedicado, competente, honesto e que trabalhou muito e durante muitos anos para a “sua” escola.

È um professor, porque nunca se deixa de o ser, que deixou marcas nos seus alunos. Guiou-os, orientou-os, motivou-os, educou-os, ensinou-os e empurrou-os para a vida. Enfim, marcou-os. E eles reconhecem nele o professor. O seu professor, o seu amigo.

Também eu sigo o mesmo objectivo, deixar marcas nos meus alunos. Intervir positivamente nas suas personalidades e formação. Pois, não há nada pior do que passar por esta vida sem deixar obra.

Esta pessoa de que vos falo é o meu pai. Não, não se preocupem que ainda pode ser encontrado entre nós, embora de saúde debilitada. E não quero que se inquietem pois a homenagem faço-a eu. Fica aqui registada.

Obrigado pai…

Imagens pessoais